sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MÓDULO 4 - ENTREVISTA

Curso técnico de formação para os funcionários da educação. Profuncionário – Turma 03
Professora: Aurineide Maria Moreira Hauth
Aluna: Rosilene de Lima
Referência: Módulo 4


ATIVIDADE (p. 28)

Sugestão de Pesquisa: entreviste um(a) pedagogo(a), pergunte como os conhecimentos de psicologia ajudam no cotidiano dele(a), como educador(a).

Para realização dessa atividade entrevistei o Professor Pedagogo Cláudio Madureira de Andrade, do Colégio Estadual Professor Caio Mário Moreira – E F M, que também atua como Professor pela Rede Municipal de Educação Básica, em Cianorte, na Escola Municpal Jorge Moreira da Silva, em uma 2ª série do Ensino Fundamental.
O professor acima mencionado considera de suma importância uma formação que contemple os conhecimentos psicológicos, tendo em vista que para o aluno que se quer formar na atualidade, cidadão crítico, humano, sob a ótica da diversidade de cultural, é extremamente relevante considerar a influência dos fatores psicológicos. O conviver com o diferente, além de outras questões que envolvem a psicologia, requer certo cuidado nessa formação, a qual o professor tem papel fundamental, uma vez que a formação do professor é subsídio para a formação do aluno.
Segundo o professor Cláudio, os conhecimentos psicológicos são muito importantes na identificação das diversas situações que encontramos em sala de aula, tais como: quando a criança está estressada, nervosa ou agressiva; quando está com algum problema pessoal, interferindo em sua aprendizagem; no bom ou mau relacionamento com os colegas; entre outros. Dessa forma, evidencia-se uma preocupação, por parte do professor, com a questão comportamental dos alunos e seus reflexos no processo de ensino aprendizagem.
Outro fator mencionado pelo professor é a questão das etapas do desenvolvimento, muito estudadas em Psicologia da Educação. Avalia esses conhecimentos como expressivos, uma vez que possibilitam ao profissional, que atua em sala de aula, a identificação dos estágios de desenvolvimento da criança, tornando-o apto a trabalhar os conteúdos de acordo com a capacidade de aprendizado da criança.
Tais fatores devem ser levados em conta uma vez que, na sala de aula temos, normalmente, alunos na mesma faixa de idade, entretanto, cada qual apresenta um estágio diferente de desenvolvimento, acompanhando ou não os conteúdos que são mediados. Conhecer e reconhecer essa diferenciação é que faz a diferença de um bom profissional da educação.

MÓDULO 4 - ESTUDO DE CASO

Curso técnico de formação para os funcionários da educação. Profuncionário – Turma 03
Professora: Aurineide Maria Moreira Hauth
Aluna: Rosilene de Lima e Leila Maria Magalhães Garcia da Silva
Referência: Módulo 4


ESTUDO DE CASO

Nessa atividade, nos foi proposto realizar um estudo de caso de indisciplina na escola em que atuamos, a saber, Colégio Estadual Professor Caio Mário Moreira – E F M. Para tanto, consideramos questões que nos propiciaram um aprofundamento maior acerca dos aspectos psicológicos apresentados no módulo 4, o qual trata das relações interpessoais, inerentes à ação profissional dos Agentes Educacionais.
Optamos por analisar o caso do aluno G. G. D., de 12 anos, da 5ª série do Ensino Fundamental, por considerarmos de suma importância a sua apreciação, tendo em vista que envolve fatores fundamentais para a formação humana e evidencia o papel da escola e dos atores envolvidos no processo de formação desse sujeito.
O aluno supracitado estudava anteriormente na Escola Municipal Castro Alves, na qual também apresentava problemas de indisciplina. Ao chegar ao colégio Caio, em 2007, foi matriculado na 5ª série do Ensino fundamental, período vespertino. Por apresentar dificuldades de aprendizagem detectadas pela escola e confirmadas por laudo médico, o aluno foi remanejado para o período matutino, pois deveria freqüentar a Sala de Recursos, fundamental, segundo a Equipe Pedagógica, para a recuperação do aluno, mas era ofertada apenas à tarde. Apresentava e ainda apresenta desvio de conduta, perturba e agride os colegas da sala, rouba seus materiais escolares, desrespeita os professores, não registra os conteúdos no caderno, “mata” as aulas, foge de casa e da escola, entre outros.
O colégio tomou várias providências com relação ao aluno, entre elas: a convocação da família para auxiliar no caso; o encaminhamento à Sala de Recursos, citada anteriormente; o encaminhamento ao neurologista, que considerou necessária a prescrição de medicamentos para conter a hiperatividade do aluno; o encaminhamento à psicóloga; o encaminhamento ao Conselho Tutelar, que tentou juntamente com a família mudar a situação; solicitou atendimento da Patrulha Escolar em várias situações de roubo e agressões; reuniu o Conselho Escolar para tentar solucionar o problema; etc.
Com relação aos remédios prescritos pelo neurologista, a escola percebeu que não vinham sendo tomados e convocou a família para averiguação. Constatou-se que o aluno não vinha tomando o remédio regularmente, nos horários estipulados. Assim, a escola se responsabilizou em ministrar a medicação no horário de aula para garantir que G. se medicasse. Porém, mesmo ministrando os remédios na escola, a mesma percebeu que não estava causando o efeito esperado e foi então que, por meio de investigação, descobriu que o aluno estava fingindo tomar os remédios, “guardava-os” sob a língua e ao se retirar da sala onde se medicava o jogava fora. Para evitar que o fato se repetisse a escola passou a diluir a medicação em água antes de dar para o menino tomar.
Todas as medidas acima mencionadas foram tomadas em conformidade com a Lei 9394/96 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Projeto Político Pedagógico da Escola e o Regimento Escolar. Tais disposições se consubstanciam em tentativas da escola de garantir, baseada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade, do art 2º da LDB, o pleno desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da cidadania e qualificando-o para o mercado de trabalho.
Todavia, todo esforço desempenhado pela escola, família, médico, psicóloga, Conselho Escolar e Conselho Tutelar não tem demonstrado resultado satisfatório, uma vez que o aluno continua com o mesmo tipo de comportamento. Para se ter uma idéia da gravidade da situação, a pedagoga da escola relatou que G. foi encontrado pela Polícia Rodoviária de Campo Mourão, juntamente com um colega, pendurado em um chassi de caminhão que ia de Cianorte a Campo Mourão; em um outro dia, foi preso em flagrante, por roubo, na cidade de Sarandi e liberado no dia seguinte. São situações extremas, que colocam em risco a própria vida do aluno.
Diante do exposto, procuramos analisar o que há por trás das atitudes tomadas por essa criança, que aos 12 anos de idade é usuária de drogas e comete tantos delitos. Foi então que, questionando a pedagoga da escola, descobrimos que o aluno é uma criança adotada. Mora com a avó e alguns tios que, por serem criados juntos, chama-os de irmãos. Sua mãe ficou grávida muito jovem, era dependente química e não tinha maturidade para cuidar um filho.
O comportamento de G. tem se tornado insustentável para família. Tanto que a avó o mandou morar com a mãe por algum tempo, medida que não funcionou e o menino teve que retornar. A família é presente na vida escolar do aluno, vem à escola sempre que convocada. Entretanto, acredita que todas as possibilidades de ações foram realizadas na tentativa de conscientizar G. a mudar o seu comportamento, não sabe mais o que fazer.



Reflexão
Conforme verificamos na análise do módulo 4, à Psicologia tem sido atribuído o papel de solucionar os mais variados tipos de problemas da sociedade contemporânea. É certo, consoante estudo realizado por Barros, Lima e Pancotte (2008) que algumas tendências pedagógicas possuem relação restrita com teorias psicológicas, buscando nessas como se desenvolvem os processos de ensino-aprendizagem.
As autoras fazem referência à trajetória da construção de uma Psicologia comprometida com a socialização do saber acumulado pela humanidade, sugerindo um resgate dos aspectos históricos da Psicologia na escola.
Nesse sentido, por meio de análise dos estudos de Facci (2004), pautada nas pesquisas de Saviani, nas quais divide as tendências pedagógicas em dois grupos, a saber, teorias críticas e teorias não críticas, as autoras observaram que, durante a Escola Tradicional (1º grupo), elitista, a Psicologia era uma prática fechada, realizada em laboratórios anexos às escolas. Na Escola Nova (1º grupo), de respeito à individualidade da criança, a Psicologia caracterizou-se “[...] pela prática do diagnóstico e o tratamento da população escolar de maneira espontânea e livre.” (BARROS, LIMA e PANCOTTE, 2008, p. 3045).
Segundo as autoras, na década de 1960, a Psicologia começou a considerar os aspectos sociais em suas análises, relacionando a carência cultural ao fracasso escolar, possibilitando a estabilização de uma Psicologia escolar. Na década de 70 do século XX, durante a abordagem pedagógica tecnicista, com a introdução da tecnologia educacional, a complementação psicológica vem da Análise Experimental do Comportamento (FACCI, 2004). A Psicologia passou a ganhar mais espaço no campo escolar, atuando com práticas de ajustamento social e algumas medidas para solucionar problemas do contexto escolar.
Tendo em vista as práticas realizadas nas tendências supracitadas, denominadas por Saviani como teorias não-críticas, que “[...] entendem ser a educação um instrumento de equalização social [...]” (SAVIANI, 2002, p. 3), houve um descontentamento e desestímulo dos docentes que, fortalecidos pelas teorias crítico-reprodutivistas, desencadearam um processo de crítica aos encaminhamentos políticos e educacionais a que vinham se submetendo.
Nesse contexto, diversos estudiosos se esforçaram no sentido de viabilização de uma educação não reprodutora, que possibilitasse uma elaboração crítica à sociedade capitalista e estabelecesse critérios para sua superação. Surge então, a Pedagogia Histórico-Crítica, que vê na educação como “[...] o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.” (SAVIANI, 2003, p. 13).
A partir da concepção histórico-crítica de educação, muitos psicólogos passaram a criticar a fragmentação de resultados de análises descontextualizadas. Passa-se a considerar aspectos como a interação dos sujeitos com o social, suas condições reais de vivência, fatores estritamente ligados ao desenvolvimento humano do indivíduo.
Tendo em vista a trajetória da Psicologia, exposta acima, levantamos alguns questionamentos, os quais consideramos coerentes diante do panorama apresentado. Em que pode a Psicologia contribuir para solucionar problemas como o do aluno G.? Quais fatores devem ser considerados ao tratar com um caso tão delicado? Será a escola responsável por esse feito? De que forma a pedagogia ou a psicologia escolar devem agir mediante a tal situação?
Avaliamos que o levantamento de questões como essas são de suma importância na tentativa da consolidação dos objetivos educacionais. Produções da atualidade tem procurado estruturar, no plano teórico, uma Psicologia educacional de base marxiana, que pretende

[...] analisar o psiquismo humano a partir da historicidade de todos os fenômenos e considerar o processo educacional inserido em e decorrente de condições materiais determinadas. [...] procurar avançar nas relações entre o desenvolvimento do psiquismo e o processo de escolarização, com a finalidade de transformar a visão de homem presente na prática pedagógica, entendendo-o como aquele que, tendo sua consciência modificada pela apropriação do conhecimento científico, pode provocar mudanças na sua prática social. (FACCI, 2004, p.100)

Acreditamos que a prática de uma Psicologia pautada nos pressupostos acima mencionados, é capaz de fortalecer a compreensão e auxiliar na solução dos diversos problemas de indisciplina encontrados no cotidiano escolar. Nesse sentido o caso do aluno G. seria um a menos a constar na grande lista das escolas.

Referências:

BARROS, M. S. F.; LIMA, R.; PANCOTTE, R. P. Formação de Professores: Uma Análise da Dialética Materialista como base da Prática Educacional. In: CONGRESSO NACIONAL DE LINGUAGENS EM INTERAÇÃO. 2.: 2008 out. 7 a 10: Maringá, PR. Anais do 2º CONALI: Congresso Nacional de Linguagens em Interação. SILVA, et. Al (Orgs.), Maringá, PR. Departamento de Letras. Ed., 2008. 1 CD-ROM: il. Color; 4 ½ pol.

FACCI, M. G. D. Teorias Educacionais e Teorias Psicológicas: em busca de uma psicologia Marxista da Educação. In: Duarte, N. Crítica ao Fetichismo da Individualidade. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.


SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 8ª ed. revista e ampliada - Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

__________. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 35ª ed. revista – Campinas, SP: Autores Associados, 2002.